Dalton Trevisan, o icônico “Vampiro de Curitiba”, completaria 100 anos neste 14 de junho de 2025. Para celebrar sua vida e obra, a cidade preparou uma série de homenagens espalhadas por diversas regiões, com programação cultural intensa e gratuita, incluindo rodas de leitura, exposições, sessões de cinema e bate-papos com especialistas. O evento valoriza o gênero que mais marcou sua carreira: o conto.

Quem foi Dalton Trevisan
Nascido em Curitiba em 1925, Dalton Jérson Trevisan formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná, chegou a exercer a advocacia e também atuou como crítico de cinema e repórter policial. Muito jovem, já se dedicava à literatura. Em 1946, fundou com amigos como Erasmo Pilotto e Poty Lazzarotto a revista Joaquim, que se tornou um espaço para a publicação de ensaios, traduções, contos e poemas, com colaborações de nomes como Mário de Andrade, Antonio Cândido e Carlos Drummond de Andrade.

Trevisan era um autor reservado, conhecido por evitar entrevistas e registros fotográficos. Seu estilo literário é marcado pela concisão extrema e pela linguagem popular e direta. Seu primeiro livro de destaque foi Novelas Nada Exemplares (1959), vencedor do Prêmio Jabuti. Ao longo da carreira, publicou mais de 50 obras e colecionou diversos prêmios importantes, como o Prêmio Camões (2012), o Prêmio Machado de Assis da ABL (2012) e o Prêmio Oceanos (2003). Seu único romance é A Polaquinha, mas foi nos contos curtos, afiados e por vezes perturbadores que construiu sua fama. Obras como Cemitério de Elefantes, O Vampiro de Curitiba e A Guerra Conjugal são consideradas clássicos modernos da literatura brasileira.
Programação espalhada pela cidade
Para celebrar o centenário, as 16 Casas da Leitura da Fundação Cultural de Curitiba realizam até o fim de junho atividades inspiradas em suas obras. As rodas de leitura, com classificação a partir de 12 anos, revisitam contos como Uma Vela para Dario, Rita, Ritinha, Ritona, Mistérios de Curitiba e Pensão Nápoles. Algumas leituras ganham uma camada extra de crítica literária e reflexão, como em “Dalton Trevisan: um autor nada exemplar”, marcado para o dia 27 de junho nas Casas Vladimir Kozák e Hilda Hilst.
Já a Casa da Leitura Walmor Marcellino convida o público a mergulhar em universos fantásticos com a atividade História Natural das Fadas, relacionando a produção literária de Dalton com temas de encantamento e melancolia.

Biblioteca Pública do Paraná e Cine BPP
A Biblioteca Pública do Paraná também participa ativamente das comemorações. No dia 12 de junho, o Cine BPP exibe o clássico Guerra Conjugal (1975), adaptação de 16 contos de Dalton Trevisan e dirigido pelo cineasta Joaquim Pedro de Andrade. A sessão, com entrada gratuita, acontece no auditório da BPP às 18h.
E na véspera do aniversário, 13 de junho, às 16h, será realizado o bate-papo “Sexta-feira 13 com o Vampiro”, reunindo Nena Inoue e Fabiana Faversani, com mediação de Irinêo Baptista Netto. A proposta é discutir a figura enigmática do autor e sua maneira única de retratar os conflitos urbanos, afetivos e sociais.
Exposição na Gibiteca
A Gibiteca de Curitiba apresenta a exposição 100 Anos de Dalton em Traços a partir do dia 14 de junho. Com curadoria da equipe da Gibiteca, a mostra reúne 34 obras de artistas curitibanos inspiradas nos personagens e atmosferas criados por Trevisan. A exposição estará aberta até 13 de setembro na recém-inaugurada sala de exposições do Solar da Glória/Casa Veiga, com entrada gratuita.
Um autor invisível, mas presente
Dalton Trevisan faleceu em dezembro de 2024, aos 99 anos, mas seu legado segue vivo. Suas obras continuam a ser lidas, relidas, adaptadas e homenageadas. Boa parte de sua produção está disponível nas Casas da Leitura, com mais de 90% de seus livros acessíveis para empréstimo gratuito. Mesmo mantendo distância da vida pública, Dalton se fez presente nas vidas de leitores e leitoras através da força de seus personagens – quase sempre anônimos, frágeis, contraditórios – e da sua Curitiba melancólica e apaixonante.

Para conferir toda a programação do centenário, datas, locais e horários, acesse o site da Fundação Cultural de Curitiba ou consulte a programação nas Casas da Leitura mais próximas.
Uma oportunidade única de se reconectar com a literatura potente e inquieta de um dos maiores contistas do país.